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Dia Mundial do Lúpus - 10 de maio

Dia Mundial do Lúpus - 10 de maio

O lúpus é uma doença autoimune. Isso significa que o próprio sistema de defesa do corpo - o sistema imunológico - passa a atacar estruturas saudáveis do organismo, como se fossem ameaças. Mas o que poucos sabem é que existem diversos tipos de lúpus, com apresentações muito diferentes entre si: há formas predominantemente cutâneas, outras que afetam articulações, rins, sangue, cérebro, entre outros órgãos.

Essa complexidade torna o lúpus uma doença desafiadora tanto para quem convive com ela quanto para quem precisa reconhecê-la e tratá-la.

Ao redor do lúpus ainda circulam muitos mitos. Há quem diga que a doença não tem tratamento, que é uma sentença irreversível ou que a pessoa está condenada a uma vida de dor e limitação. Essa ideia é equivocada - e profundamente injusta.

O lúpus não é uma sentença. É um desafio real, sim, que exige empoderamento, conhecimento e acompanhamento especializado. Mas não significa fim de planos, de trabalho, de estudo ou de maternidade. E é justamente por isso que falar sobre o lúpus, com clareza e responsabilidade, é tão necessário.

Para muitos pacientes, o caminho até o diagnóstico é longo, cheio de dúvidas e, muitas vezes, de sofrimento. A doença geralmente começa de forma sutil, com sintomas que parecem isolados: cansaço extremo, dor nas juntas, manchas na pele, febres inexplicáveis, queda de cabelo. Cada pessoa manifesta a doença de um jeito. Por isso, o lúpus é chamado de "grande imitador".

De acordo com dados internacionais, uma pessoa com lúpus consulta, em média, mais de cinco médicos até receber o diagnóstico correto. O diagnóstico precoce é o ideal - mas ainda é um desafio para a medicina.

É fundamental lembrar que o tratamento do lúpus não se resume a tomar remédios. Embora os medicamentos - como corticoides, imunossupressores e, em alguns casos, terapias biológicas - sejam parte essencial do controle da doença, a atitude do próprio paciente tem enorme peso no resultado final.

Isso inclui aprender a reconhecer sinais de atividade da doença, manter uma rotina de autocuidado, dormir bem, proteger-se do sol, evitar estresse extremo, manter vínculos afetivos e buscar apoio psicológico quando necessário. Mas nenhuma dessas atitudes é viável se o paciente estiver isolado, sem acesso à informação segura, ou sendo bombardeado por mensagens confusas na internet.

O processo inflamatório, que está por trás das lesões em órgãos e tecidos, é o verdadeiro vilão da doença. Hoje, com acompanhamento adequado, é possível manter esse processo sob controle por longos períodos, em muitos casos colocando a doença em remissão.

É nesse ponto que a ciência tem avançado: pesquisas clínicas internacionais estão testando novos medicamentos, com mecanismos de ação mais específicos e promissores. Já há, inclusive, tratamentos aprovados nos últimos anos e outros em fase final de estudo. Podemos sim sonhar com uma medicina cada vez mais personalizada e, quem sabe num futuro próximo, com a cura definitiva.

Mas até lá, o que transforma a realidade dos pacientes é o tripé da informação correta, do acompanhamento contínuo e da rede de apoio sólida. Os familiares têm um papel vital - não apenas no cuidado prático, mas na escuta, no acolhimento, na presença. Ninguém enfrenta o lúpus sozinho. E ninguém deveria ter que enfrentar o desconhecimento, o preconceito e o abandono junto com a doença.

Neste Dia Mundial do Lúpus, a mensagem mais importante é simples: viver com lúpus é possível. Com o diagnóstico certo, tratamento adequado, acesso a informações confiáveis e suporte real, há vida - com autonomia, com projetos e com dignidade.

Dr. Luiz Sérgio Barbosa - Médico Reumatologista, Professor Titular de Medicina e Pesquisador Clínico em Doenças Autoimunes

 

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